O escritor
Era uma vez um escritor muito dedicado, que escrevia de tudo um pouco, escrevia cartas, poemas, contos, romances, ensaios..., seu maior orgulho era ter uma bela caligrafia e conhecer bem a gramática, hermenêutica e poética. A maioria de seus textos eram manuscritos, poucas, raras vezes ele usa a máquina de escrever para compor seus textos pré-impressos.
Certo dia seu editor o presenteia com um computador. Que maravilha! A máquina o tirava todo o ocioso trabalho de revisar, corrigir e formatar os textos, antes manuscritos, agora digitados. Tudo estava mais fácil, ele já nem se lembrava da caneta e da gramática; para que se o computador fazia isto igual ou melhor do que antes? Ele controlava a máquina, entretanto, com o passar do tempo a máquina passou a controlá-lo, estava estão dependente e não tinha consciência disso, parecia um operário fordista.
Era muito bom, útil e simples, não podia ser melhor pensava ele.
Numa manhã seu editor o telefona cobrando o termino de seu romance, ele com firmeza confirmou a entrega do texto para a manhã seguinte.
O escritor, ou melhor, o digitador entendia que no romance ainda faltavam cinquenta páginas e sabia que o tempo era curto, mas com a ajuda do computador ele terminaria rapidamente. Então ele começou a digitar, digitou, digitou, digitou, e ainda faltavam vinte páginas, até que então... Oh que tragédia, aconteceu uma sobrecarga danificando a memória do computador e com ela todo seu romance.
Desesperado, ele pega um caderno e uma caneta, e tenta preocupadamente iniciar seu romance, no entanto, ao escrever as primeiras palavras, ele viu que sua escrita não era, mas bonita, nem mesmo parecia com escrita era apenas um monte de rabiscos ilegíveis, sem conteúdo, sem forma, ele percebeu naquele instante que já não sabia mais escrever.
Francisco Getúlio Sousa
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