quinta-feira, 17 de novembro de 2011

XI

Tac tac tac tac tac tac

alma penada
carruagem do além

tac tac tac tac tac tac

turbilhão funesto
a desembestar nas ruas

tac tac tac tac tac tac

estala o chicote
relincham os cavalos sem cabeça

estala o chicote
berra o condutor sem cabeça

dentro da diligencia
vai Dona Ana Jansen
bruxa maligna assassina

e torturada algoz de tantos escravos

agora na morte
é uma escrava

Ana Jansen
má como o próprio demônio

quando morreu
deus não lhe deu salvação
a mandou ao inferno
e o Diabo disse não

alma perdida
alma cruel
nem foi ao inferno nem ao céu

correndo para sempre
no comboio desgraçado
que  a carrega como serpente
como espírito condenado

Tac tac tac tac tac tac


                                    Curupira. Francisco Getúlio Sousa.


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